domingo, 2 de janeiro de 2011

Delírio cotidiano

Um homem, um copo , vodka. Combustível para alguns dias. Ele canta musicas antigas, muito conhecidas ali naquela velha taberna, já tem algumas horas que ele está sentado naquela cadeira, cadeira velha, um pouco comida pelos cupins. Meia-noite, é hora do bar fechar, e ele não tem pra onde ir, a última opção é sua própria casa.

Ao chegar sua mulher, necessariamente gorda, o espera no sofá já cinza de sua monótona sala. Faz o questionamento diário, ele gagueja um pouco, mas responde com inteligência, quase nunca usa desculpas esfarrapadas. É um homem inteligente. Homem já cansado , expressão idosa no rosto, calos no pé, suspeita de câncer de próstata, meio gordo, meio pálido , meio dividido. São quatro da manhã e ele precisa acordar às 7 para ir para seu emprego, que conseguiu através da venda de votos na eleição para prefeito de sua cidade.

O despertador grita em seu ouvido, ele levanta. Joga um pouco de água na boca , come um pão seco com um pouco do café frio do jantar de ontem, coloca sua camisa branca com uma pequena mancha amarela na gola, sai para sua repartição.Lá ele organiza papéis para ganhar no fim do mês a mixaria que ele chama de salário. Durante o dia ele sente sono, não dormiu o suficiente, 30 xícaras de café durante a manhã, de tarde o movimento é lento e ele aproveita para dar umas sonecas para compensar sua noite de bebida. Seis horas. Já é hora de ir embora, ele vai embora , para o bar .

Horas depois ele já está bêbado, pensa em ir pra casa, mas seu pensamento muda ao ver a garrafa de vodka , que parece estar a lhe chamar. Ele canta musicas antigas, muito conhecidas ali naquela velha taberna, já tem algumas horas que ele está sentado naquela cadeira, cadeira velha, um pouco comida pelos cupins. Meia-noite, é hora do bar fechar, e ele não tem pra onde ir, a última opção é sua própria casa.

Um comentário:

  1. 30 xícaras de café?! esse cara tá morto! huauhahuahua

    legal a história cíclica, cara. a rotina voltando. o começo no fim do conto.

    tem razão, é o melhor que eu li nesse blog até agora. muito bem feito =]

    tem um conto sobre um cara num bar na baiúca, dá uma olhada:

    http://baiucadobardo.blogspot.com/2010/05/ratos-se-alimentam-de-blues.html

    abraço

    ResponderExcluir

Ninguém é autossuficiente de pensamento.

caiçaras oscilantes

 meu povo, queimado de sol que só ele, unifica os grãos de areia, que perdidos pelo mundo vagueiam sob o vento em novas praias. praias do li...