segunda-feira, 5 de março de 2012

Limítrofe

Eu carrego este balão negro
encardido e encrostado
sujo e mal amado
cheio de gases pesados
em suas piores formas
numa pequena corda
que não sei de onde vem
Numa enorme coleira
Este balão sem luz
reluz em céus coloridos

Um balão negro
numa cidade cinzenta
numa vida sem cor
e vazia
muito
vazia

Um balão negro
onde Zeus depositou
o lado mais obscuro
de seus raios poderosos

Nos parque, nas ruas
Na vida ainda sem sentido
Eu levo meu balão
para brincar com as crianças

Meu balão me faz pesar menos
por vezes, ele seca
mas eu torno ele vivo
novamente
assim como muitas coisas
que eu trago de volta à vida

Um balão opaco
fosco, preto
para quem tem
os olhos certos

Um balão negro
Que carrega a minha existência
Dá-me luz
dá-me luz.
luz

Enche o balão
ele seca contínuo
ele seca.
        (sssssshhhhhhhh)
           Seca.

Encham
com luz
me tirem
daqui
Iluminem
para que eu
possa sair sozinho

Adeus
Balão
Eu solto
A corda
Alívio.

Um comentário:

  1. eu acho que paramos nessa ideia que eu achei muito bacana... Um grupo de subsolistas que por vezes saem da escuridão e deixam textos na tampas dos bueiros... A pergunta é: vocês já pensaram em fazer isso na vida real? Já cogitaram criar textos/imagens/adesivos que tenham a medida exata das tampas de bueiros?! Eu sugiro que façam, senão acabo fazendo por aqui, porque essa ideia é fantástica... Inclusive aproveito e informo (vocês já devem saber disso) que aí em Natal (você é de Natal, né?) existe um evento sobre intervenção urbana chamado Bode Art e vai acontecer creio que em maio. Procurem informações!!!! Talvez eu vá!! Abração!!!

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