sábado, 19 de maio de 2012

num fluxo

No teto do meu quarto
eu desenho o que não consigo
reproduzir com meus próprios dedos

no teto do meu quarto
deposito meus medos
e me perco na beleza
das luzes que entram
apertadas
pelas brechas da janela

nessas madrugadas
em que eu me cubro
para tentar fugir do frio
percebo que meu teto
é lar de mim

penso sobre os homens
que eu tanto amo
sobre as mulheres
que eu tanto desejo
sobre as pessoas
que são todas iguais
e sobre as pessoas
que sabem
quando eu estou mentindo

No teto do meu quarto
eu me pergunto
se num planeta distante
existirá um lar para mim
Me pergunto se um dia
eu poderei dizer tudo
para um confidente
que não seja imaginário
um confidente imaginário
que pelo menos aparente
ser um pouco mais real

2 comentários:

  1. Coisas somente possíveis pela literatura.
    O espanto de ver dito por alguem aquilo que você nunca segredou-lhe antes.

    Nas tempestuosas noites de insonia me perco em admirar o teto. Em devanear nele.
    Poucos sabiam disso.
    E, até então, eu me via solitária nessa contemplação.

    Belissimo.

    Um beijo, meu querido.

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  2. li, e respondi.
    =)
    anseio por posteriores emails

    e outro beijo, por que não resistiria não terminar com ele. e por que você os merece aos montes

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