Foram movimentos que eu não soube distinguir. Aquelas mãos. Brancas, frias, soltas, tagarelas. Caras e bocas, sorrisos, afirmações. Um colapso corporal complexo demais para os meus olhos. Era um homem e uma mulher. Um par. Cabelos cacheados, sorriso bonito no rosto e um diadema cor de madeira na cabeça. Ele de calça jeans e tênis, dentes amarelados e dedos finos como os meus.
Havia uma química irônica entre eles.
Eles estavam conversando com as mãos. Para mim aquilo era novo. Que poesias eram aquelas que eles estavam recitando?
Por fim, ela ficou calada, olhando o horizonte. Ele tocou no braço dela e movimentou as mãos e os braços de uma maneira que eu nunca havia pensado ser possível. Nada de extraordinário aconteceu durante três segundos. Uma lágrima brotou do olho lustroso dela. Ela o beijou, com fervor de quem ama. Quase falou. Quase gritou.
Eu não sei o que ele falou, com seus dedos finos e seus pelos do braço, mas deve ter sido algo memorável.
O amor não precisa de palavras.
"Por ser exato o amor não cabe em si, por ser encantando o amor revela-se, por ser amor, invade e fim".
ResponderExcluirSingelo curto conto!
;o)