Sei que ando devendo poemas para vocês, mas o blog ainda é somente meu, e eu posto quando eu quiser - leia "eu posto quando tiver algo decente para vocês". É o que tem pra hoje.
Era uma hora da manhã.
Alguns minutos a mais. Uma hora não tão usual para se estar
acordado. Eu estava. Talvez não seja um hora tão usual para se
estar com fome. Eu estava. Foi aí que eu decidi fazer miojo.
Miojo é um macarrão
importado da china – produzido na frança – feito para
preguiçosos, filhos com fome quando a mãe não está em casa,
solteiros que não ligam para a saúde e para mim, acordado à uma da
manhã e com fome de algo palpável.
Palpável seria uma
bela de uma macarronada. O miojo ficava pronto em cinco minutos –
em dez, se contarmos com o tempo da água ferver – e era a coisa
mais parecida com uma macarronada que eu tinha disponível.
Eu pus a água para
ferver na chaleira, na medida exata que eu precisaria para preparar o
miojo na vasilha que mamãe fazia leite antigamente. Voltei pro meu
quarto e abri um volume de Voltaire. “Tratado sobre a tolerância”.
É madrugada de sábado. Tenho que ler este livro até a madrugada de
segunda, e então começar a redigir, de forma coerente e comprovando
todas as minhas teses com citações de terceiros, o trabalho mais
fantástico que eu farei em minha vida. O irônico é que apesar de
ser o trabalho mais fantástico que eu farei em minha vida, eu ainda
continuo adiando, como eu sempre faço com tudo. Meu professor de
história é foda.
A água já deve estar
fervendo. A luz da coziinha está apagada, pois qualquer luz chama
atenção, e o que eu menos quero é que meus pais acordem e vejam
que eu estou acordado à uma da manhã. Eles sempre acham que eu
tenho insônia quando me vêm acordado de madrugada e dizem que eu
necessito ir a um médico, assim como disseram que eu deveria ir ao
médico ver o meu nariz, que estava escorrendo. Ah, eu só tenho 30%
do funcionamento total das minhas narinas.
A água está fervendo
na chaleira. Eu passo a água para a pequena panela de ferver o leite
– vulgo: leiteira. Espero um pouco e coloco o bagulho duro que
daqui há uns poucos minutos se tornará um belo macarrão
instantâneo, que eu vou comer imaginando ser uma macarronada.
Coloco Ketchup e
maionese. Misturo. Pego uma caneca e vou para o meu quarto. Coloco um
porção na caneca e começo a comer. Fico impressionado como uma
coisa tão simples pode ser tão boa. Miojo é como o amor. Simples e
gostoso. Inexplicável.
Termino o miojo. Lá
pras quatro da manhã eu vou no banheiro e lavo a leiteira a caneca e
o garfo. Gostei desse novo player do ubuntu. Gostei do filme que vi
ontem. Gostei da introdução do trabalho que fiz hoje. Hoje foi um
dia bom. Quando se consegue 51% de algo, já deve se agradecer,
segundo Bukowski. Obrigado pelo dia de hoje. Meu nariz está mesmo
fodido.
Eu agradeço, só não
sei para quem.
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Ninguém é autossuficiente de pensamento.