domingo, 1 de julho de 2012

inferno 6 , sobre as casualidades da madrugada


Sei que ando devendo poemas para vocês, mas o blog ainda é somente meu, e eu posto quando eu quiser - leia "eu posto quando tiver algo decente para vocês". É o que tem pra hoje.



Era uma hora da manhã. Alguns minutos a mais. Uma hora não tão usual para se estar acordado. Eu estava. Talvez não seja um hora tão usual para se estar com fome. Eu estava. Foi aí que eu decidi fazer miojo.
Miojo é um macarrão importado da china – produzido na frança – feito para preguiçosos, filhos com fome quando a mãe não está em casa, solteiros que não ligam para a saúde e para mim, acordado à uma da manhã e com fome de algo palpável.
Palpável seria uma bela de uma macarronada. O miojo ficava pronto em cinco minutos – em dez, se contarmos com o tempo da água ferver – e era a coisa mais parecida com uma macarronada que eu tinha disponível.
Eu pus a água para ferver na chaleira, na medida exata que eu precisaria para preparar o miojo na vasilha que mamãe fazia leite antigamente. Voltei pro meu quarto e abri um volume de Voltaire. “Tratado sobre a tolerância”. É madrugada de sábado. Tenho que ler este livro até a madrugada de segunda, e então começar a redigir, de forma coerente e comprovando todas as minhas teses com citações de terceiros, o trabalho mais fantástico que eu farei em minha vida. O irônico é que apesar de ser o trabalho mais fantástico que eu farei em minha vida, eu ainda continuo adiando, como eu sempre faço com tudo. Meu professor de história é foda.
A água já deve estar fervendo. A luz da coziinha está apagada, pois qualquer luz chama atenção, e o que eu menos quero é que meus pais acordem e vejam que eu estou acordado à uma da manhã. Eles sempre acham que eu tenho insônia quando me vêm acordado de madrugada e dizem que eu necessito ir a um médico, assim como disseram que eu deveria ir ao médico ver o meu nariz, que estava escorrendo. Ah, eu só tenho 30% do funcionamento total das minhas narinas.
A água está fervendo na chaleira. Eu passo a água para a pequena panela de ferver o leite – vulgo: leiteira. Espero um pouco e coloco o bagulho duro que daqui há uns poucos minutos se tornará um belo macarrão instantâneo, que eu vou comer imaginando ser uma macarronada.
Coloco Ketchup e maionese. Misturo. Pego uma caneca e vou para o meu quarto. Coloco um porção na caneca e começo a comer. Fico impressionado como uma coisa tão simples pode ser tão boa. Miojo é como o amor. Simples e gostoso. Inexplicável.

Termino o miojo. Lá pras quatro da manhã eu vou no banheiro e lavo a leiteira a caneca e o garfo. Gostei desse novo player do ubuntu. Gostei do filme que vi ontem. Gostei da introdução do trabalho que fiz hoje. Hoje foi um dia bom. Quando se consegue 51% de algo, já deve se agradecer, segundo Bukowski. Obrigado pelo dia de hoje. Meu nariz está mesmo fodido.

Eu agradeço, só não sei para quem.

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