terça-feira, 5 de novembro de 2013

Porteiro

Eu moro longe.
E por mais perto
que eu more,
eu sou distância.

É a distância
do meu mundo.
As revoltas do
coração, do
intestino.

Da métrica
          do poema.

Do esqueleto calcificado do corpo humano,
eu sou os ossos invisíveis do ouvido.
Inquebrável de tão insignificante.

Sou um espelho sem sentido. Derretido.
Sem moldura ou rosto de moça bonita.
Sou um desses de banheiro sujo.

Eu que escrevo as regras do submundo.
Mas não tenho motivos para seguir mandamentos.
Sou uma espécie de Semideus de dentro de meu cubículo.
Quase um titã de calças jeans e camiseta desbotada.
Não surfo, não fumo e não canto milagres divinos.
Não sei se sou eu que tenho os medos e as confusões
ou se são eles que me possuem.

A flauta que eu toco é a do fim dos tempos.
As cordas que eu dedilho são do apocalipse.
Cada verso é uma guerra
gelada e monótona.



Um comentário:

Ninguém é autossuficiente de pensamento.

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