sábado, 27 de dezembro de 2014

Tua vodca

Não, meu sotaque não é o mesmo.
Quantas vozes cabem em uma só boca?
As informações necessárias para seguir em frente
estão em falta na mercearia mais próxima.
Não, não há mapas.

Meu maior medo, parado no tempo,
é que tudo isso não seja um ciclo contínuo.
Tenho medo que o fim não vire começo
nos lábios e na voz de outros que não eu.
Enterro meu ego.

Sinto um grito estrangeiro.
Um grito que ninguém ouve.
Temo ter descoberto uma falha na física
Ou um acerto espiritual, ainda não sei.
Não sei de muito.

Apanho do chão pedaços de tudo isso.
Dos versos, do coração.
Da régua que mediu
Todas essas esperanças.

E que de livres só nos restem as prisões,
pois tenho medo de não ser um ciclo.
Medo da distância não virar acalanto.

Um comentário:

  1. ''Medo da distância não virar acalanto.'' Será que vira? João, li essa poesia ontem em um estado muito desprovido de sanidade completa, foi a melhor parte da noite, sério, tudo isso aqui me completa demais, me machuca e depois assopra e como gosto disso...

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