I
Sozinho e nu
sem trófeus
eu me tornei
meu próprio
eu.
debruçado
no suicídio
cotidiano
ao acordar
tomar o café
ler jornal.
calçar as meias palavras
no pé direito.
as meias verdades no
pé esquerdo.
uma vida baseada em
calçados maiores que o pé.
II
segue sem saber
o posicionamento
dos astros
e o dia do pagamento;
com quantos paus se faz uma canoa
dentes se faz um sorriso
pílulas se faz um filho.
III
aquela velha história sobre
querer voltar sozinho,
sobre pular as páginas
chatas do enredo,
os prazos da biblioteca que vencem,
as avaliações reduzidas a pó
na esquina cognitiva da memória.
é terrível se matar a cada sol
numa sobrevivência com gosto de reversa.
É terrível sorrir para o céu e o sol.
Brincar com teus cabelos,
com teus olhos de multidão,
te descrever mentalmente,
te imaginar liquefeita,
vaguear por entre os fios
e te fazer sambar.
você não sabe sambar, lua.
te colocar no meio de um poema
sobre a dificuldade de ser um homem
em tempos de fúria e de combo tv+internet+telefone
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João, dessa vez é você que rouba as minhas palavras e quem fica nua sou eu e então eu sinto lá no fundo que não estou sozinha. Eu sinto vontade de levar essa sua poesia comigo pra rua.
ResponderExcluirQuase dá pra tocar teu eu quando te leio. Ao mesmo tempo em que parece que teu eu não pode ser tocado de maneira alguma.
ResponderExcluirquem fez teu nome, João?
ResponderExcluirquem fez teus pés pequenos?
quem fez você um ser terrível?
quem fez de ti poema
para querer ensinar a lua?
lindo João.