quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O dia em que o meu amor morreu e foi enterrado à 7 palmos da sola dos meus pés

Num dia de domingo , estávamos eu Milena e mais uns amigos na casa dela, a gente conversava besteiras,alguns jogavam videogame ,outros assistiam TV , e todo mundo comia. Era quase uma festa que acontecia todo domingo. Todos ali eram jovens, adolescentes e papos quentes rolavam livremente naquelas conversas incensuráveis.

Já era tarde do dia quando veio à tona opiniões sobre homosexualidade, minha opinião era neutra, não sou dos preconceituosos, e nem dos que tem vários amigos(só alguns).Depois de alguns tempo , Milena começou a falar coisas estranhas e depois soltou algumas coisas sem querer a respeito de sua sexualidade, mas não ligamos muito, de princípo achamos que fosse alguma das brincadeiras dela. Mas, sem percebermos , a mãe dela ouvia tudo encostada na entrada do quarto, com uma tigela de pipoca e uma cara difícil de distinguir que expressava medo, horror, tristeza e raiva ao mesmo tempo.

Ao ver a mãe parada na porta, Milena com a maior sinceridade, fala num tom extremamente natural:
-Você tem alguma coisa contra as lésbicas? Hein? Mãe?E se eu fosse uma?É mãe... Talvez seja difícil pra você, mas eu sou.
Todos nós não acreditavamos no que tinhamos ouvido, ela não poderia ter falado aquilo. Imediatamente , todos olharam para a mãe de Milena, que estava estática e já soltara a tigela contra o chão espalhando pipoca por todo o carpete do quarto da filha. Ficou ali, parada por alguns segundos, sem saber direito o que fazer, enquanto eu, revezava o olhar entre Milena e sua mãe, milena parecia esperar um “sim” da mãe, pois estava com um cara muito natural,mas a mãe , após voltar do transe em que estava,já com uma lágrima caindo no vestido vermelho, veio em direção a Milena como um homem enfurecido com o ladrão que acaba de lhe roubar seu salário mensal , e dá um tapa tão bruto na cara da filha, que todos fazem cara dor misturada com uma cara de pena.
-Puta que pariu- eu pensei- o que estaria passando pela cabeça daquela pobre mãe, que acabara de receber a notícia de que a única filha não seria realmente uma filha?
A única coisa que me vinha na cabeça naquele momento era de que já era hora de sair dali. Todos saímos de lá como um foguete. Na rua , nimguém falou nada, todos em silencio, com trilha sonora dos gritos de Milena. No ponto de onibus, alguém ainda arriscou um “o que será que vai acontecer com ela?” e outro jogou “será que ela vai ser expulsa de casa?” acho que pensando nos clichês de novela. Duas perguntas que foram respondidas com o silêncio. Provavelmente , todos imaginavam o que estava acontecendo naquele comeneto com Milena. Eu peguei o primeiro ônibus, mesmo sem saber o destino , estava desnorteado, eu gostava dela, e não era como amiga.

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