quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O morro I

Me encontro em suas palavras
mando cartas ao teu endereço
mas ele já não está de pé
Teu endereço morreu
tua rua é silenciosa
como tua palavra

Estou quieto no meu canto
não contei a ninguém

Teu olhar já não está de pé
já sentaste sobre o mundo ignóbil
mas me olhas todos os dias
no peitoril de minha cama
no parapeito do prédio
na proteção da ponte

Em meu sonho
Ergo-me ao céu
subo montanhas
e pontes de concreto
para tocar-te
Mas aqui no meu quarto
só consigo cair
para o vazio
de meu lugar

não pedirei perdão
aos anjos faxineiros
estou quieto em meu canto


não peço




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