Numa região onde as estações do ano não se definem por completo, escrevo. Parte daqui está sempre no outono. Folhas amarelas e chuva difícil. Parte daqui está sempre no verão, praias belas e inutilidade poética. No meio de todo esse caos urbano, em meio a shoppings e instalações elétricas que vão além dos cursos técnicos em eletrônica que abrigam-se na sala ao lado da minha, achei uma árvore.
A imperfeição do terreno
me agrada aos poucos.
Suas raízes ancorando meu corpo
dentro do nosso universo falho
nos eleva à perfeição maldita
que é refletida nos espelhos.
Você me entende?
Eu crio palavras na hora de descrever tua folhagem.
Invento mil personagens pra tentar te escalar.
Nada disso tem valor
quando teu fino bocejar
adentra as madrugadas e manhãs
e me faz dormir feito cria.
Da arquitetura mais chula
és a planta mais bela.
Se não entender, me pergunte.
Eu não vou podar teus galhos
nem tirar a água de perto das tuas raízes.
Sou apenas adubo.
Adubo, querida.
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
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