terça-feira, 28 de janeiro de 2014

sonho apolítico

à Isaac e Beatriz

E se no meio de uma noite indeterminada,
no meio de uma insensatez da madrugada
eu desse as caras num sonho teu?
Independente da previsão do tempo,
do curso do rio ou da força das marés,
seria eu um pesadelo?

Quem te faz suar no meio da noite
e amarga o gosto do café. O peso.
Quem te afasta de mim mesmo.
O matador dos bovinos inocentes,
o motorista do transporte coletivo.
Seria eu pra eles uma indigestão?

E pros autores que leio,  professores,
parentes e vizinhos. Para os animais.
Para o quarto que não se arruma.
Independente da previsão da economia
e do percentual de indeterminação da vida,
seria eu um pesadelo?

Sonho, bom ou ruim. Ilusão e falta.
Falta de ternura, de volume e afinação.
Para os meus reinos, sou um carrasco?
Para as carteiras, pros números.
Para toda a ignorância indevida,
sou eu um sonho ruim?

Independente da previsão do tempo,
do curso do rio ou da força das marés,
ninguém tem o poder de deduzir.
Ninguém tem o poder de determinar.
Uma sequência de zeros, sem saber
se são de direita ou de esquerda.

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