à P.
Desnudo, sou um erro.Sem as vestes, somos todos nós
apenas peles e pêlos.
Hipocrisias, crenças, desavenças
e casamentos. Sem roupas ou camuflagens
somos apenas o medo de não ser.
A resistência dos sonhos e a ilusão.
Está tudo nos cartazes que antes eram espelhos.
Tudo está aí. Não há nada pra ser feito.
Batendo na porta, correndo pra pegar o ônibus.
Usando roupas da moda e sendo feliz.
Está tudo nos cartazes. Ninguém precisou
pensar nessa realidade medíocre.
Com seus próprios pés e braços,
ela se construiu solitária.
E não precisa de companhia.
Ela abraça a nossa inquantificação.
Ela sempre esteve por aqui.
Presa nos cartazes, nas filas do banco.
Nós sempre estivemos nos cartazes também,
em letras pequenas, nas cláusulas que ninguém lê.
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Ninguém é autossuficiente de pensamento.