segunda-feira, 29 de setembro de 2014

dez

o riso
    irrisório

escorrendo por sobre
    o riso

irrisórios

quanto vale
nossa fome
nosso fim do mês
quanto vale aquela trinca
no poker sem reis

sequestro do cotidiano
assassinato do vazio
que desce
desce
à nossa garganta
ao nosso suicídio
nossa moda.

nos livros sobre feminismo
e nas notícias sobre política
não se vê os homens.
os homens, aqueles que faziam
as coisas. nos guardanapos
no bar, não temos mais poemas,
arquitetura ou números de telefones.
tá tudo escorrendo nas ruas do
Rio.
e pra onde vai o rio a não ser para o mar.
o mar, aquele que costumava seguir
o curso das marés,
afogar os homens e
guardar o canto sereias
holandesas.
mas o mar também não sabe
para onde ir.

Eu continuo
nadando,
banhando minhas feridas
em águas e sal.

2 comentários:

  1. Eu pensei em várias coisas.
    Mas nenhuma delas faz jus.
    Então me reservo a dizer que te amo.
    E amo tuas letras.

    Um beijo, meu querido João

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