sábado, 8 de novembro de 2014

mantra II

me sinto muito doente.
as ruas se entrelaçam
numa teia paranormal
de encontros e desencontros
de vidas e mortes,
peitos abertos,
esperma factral.
me sinto muito doente.
as ruas se abrem,
se cortam
e eu não estou em nenhuma.

Qual é a matéria inanimada
que segura essa cidade aqui?
No fundo do poço de sol
a luz não chega.
e você não quer aparecer.
me sinto muito doente.
Seu mundo é cavar.
Cavar, cavar. Ir de encontro
ao outro pólo convertido
ao outro paraíso reverso.
me sinto muito doente.
Como se a Baía de Guanabara
fosse a mesma há milênios,
como se o Pico do Cabugi
fosse motivo de orgulho,
de riso, de afeto.

E numa voz rouca, sustentas uma nota.
Uma nota leve, que não vibra
na mesma frequência da vitrola.
Uma voz que quebra minha taça
e esparrama o glamour do vinho rosé
no carpete que eu nem tenho.
me sinto muito doente.

Qual a verdadeira cor do seu olho?

Um comentário:

  1. João, eu também me sinto doente, sempre estive doente desde quando descobri a poesia. Quero morar por aqui no seu blog

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