segunda-feira, 5 de setembro de 2016

agora já não basta.

com o talhe firme de quem não perde nem o medo nem a experiência
eu recobro meus sentidos e me disponho ao mundo como marinheiro
que nunca viu o mar. o mar, azul e distante que traz e leva tudo que há
tanto tempo nós temos construído. a força da natureza é vital. vital,
ho
je sem motos.

finjo que sei brincar de ser mar, de ir e vir, de ser estático sendo voraz.
mas não sei brincar, não mais. não mais derrotas ou vitórias nessas reg
ras, que de tão puras são vorazes.

tenho tentando inutilmente me apossar do orvalho que se derrete nas
flores nas primeiras horas da manhã. veja bem, inutilmente. tenho ten
tado me fazer boiar na água que chove aqui, que de tão salgada, nem
parece que é resultado da liquefação do doce que é seguir essa estra
da que não está aqui há tanto tempo.

e agora que percebo todas essas retas, todos esses mastros que aca
bam aparecendo no horizonte primeiro que as popas e as proas, eu
refaço todos os meus passos em busca de ser um eu diferente. Mas
que seja exatamente igual ao que eu sou agora.

agora já não basta.

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