sexta-feira, 30 de abril de 2021

banheiro II

não fizemos mais isso,

como voce sussurou

no banheiro

que voces ja sabem as caracteristicas.


mas nao foi pelo mesmo motivo daquele dia.

é por algo maior,

que pode talvez esclarecer a existência humana,

num gemido de gozo ou numa briga matinal.


eu também tenho medo desses lugares muito grandes,

que ecoam o som da minha fala sobre superfícies

espelhadas. e eu, que sou um espelho do mundo,

me perco em reflexos.

mas ainda bem que sou rápido

quando se fala em reflexos.


reflito


sou forte. forte como

o saber do coentro

dentro de uma feijoada.

um agente triplo, que ouve e sabe

de tudo. esta em todos os lugares,

mas sempre sutil.


estou em todos os lugares, mas sempre sutil,

como uma versão piorada do divino maravilhoso:

deus.


acho ao mesmo tempo

sub e super estimado

a ideia que você tem de Deus.


mas seus labios ainda sao os mais bonitos,

as ondas do cabelo e o olhar que cortava,

mas cauterizava logo em seguida,

como aquela faca de um poema meu antigo.


a verdade é que deus está

do lado de cá. venham, meus caros.

venham. entrem.


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