quarta-feira, 11 de agosto de 2021

entao eu vejo sua mao. eh suave.
eu tenho descoberto tanta coisa.
entao me vem essa lembranca de uma manha nublada da minha infancia litoranea. me lembro de passar horas dentro do mar, ate engilhar os dedos. e meu pai fazia piadas sobre eu possivelmente virar um peixe de tanto tempo que eu passava na agua. olhos quase sempre vermelhos. o mar era meu quintal. mas isso eh a parte em que eu generalizo minha infancia. a lembranca especifica que vem na minha mente nao eh sobre sol e mar, eh uma manha nublada. a tv de tubo SHARP que eu achei agora no google. o bom de viver nesse mundo tecnologico eh que eh muito facil voce ir pra outros lugares.

e querida, se tem uma coisa que eu tenho gostado de fazer ultimamente, essa coisa eu diria que eh ir pra outros lugares. seja de que forma for, mas eh importante saber que estou longe de tudo que me faz mal e posso me refazer, na companhia daqueles que amo, e me tornar um pouco mais alto.

e nos sabemos bem o papel que os mais altos tem. eles sao capazes de alcancar livros mais altos na prateleira. de se destacar na multidao. mesmo que isso cause vergonha, o importante eh a experiencia diferente que as pessoas altas vivem. os ares que elas respiram. eu sinto que estou mais perto do que estaria de ser uma pessoa baixa. e as pessoas baixas de verdade conseguem ver as coisas por um angulo tao unico quanto os altos. nao pense que a base da piramide so se fode.

uma coisa engracada da periferia eh o desprendimento. com tudo e com todos. a crianca dando tapas na cabeca do cachorro enquanto marcelo comia feijao preto com macarrao, depositados numa vasilha de sorvete antiga. paje fazia vigilia na rua. afinal, a policia estava a solta doida pra culpar alguem. e 21 demorou demais pra chegar com o corre. mas pelo menos se acalmou naquela noite. tanto quanto eu e voce nos acalmamos.

acho que o principio de tudo eh a calma. se pa eh o que os budistas dizem mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ninguém é autossuficiente de pensamento.

caiçaras oscilantes

 meu povo, queimado de sol que só ele, unifica os grãos de areia, que perdidos pelo mundo vagueiam sob o vento em novas praias. praias do li...