A primeira vez em que
ele fez cocô, conscientemente, foi fascinante. Ele descobriu que a
frequência, quase sempre, seria diária e ficou muito animado com a
notícia.
Fez cocô nos lugares
mais inacreditáveis. Uma vez estava num ônibus, perto do terminal,
e sozinho. Baixou as calças discretamente, com medo de alguém
do lado de fora do ônibus o visse fazendo aquela barbaridade. E que
barbaridade! O cocô parecia se espreguiçar ao longo do assento. Ele
terminou as coisas ali e desceu do ônibus sorrindo, feliz por ter
cumprido a sua meta de cagar em lugares públicos e impróprios.
Cagou no armário do irmão, na sala da escola e até – por
incrível que pareça – num banheiro.
Depois que percebeu que
todo mundo fazia cocô, passou a imaginar as pessoas mais improváveis
fazendo-o , como a professora obesa de português, o professor peludo
de história e até a sua mãe!
Depois do cocô, sua
próxima descoberta sobre o comportamento biológico humano foi a
masturbação. E consequentemente: o sexo.
Chegou à conclusão
que todos ao seu redor faziam sexo. Chegou à conclusão que todas as
mulheres tinham vaginas e todos os homens, um pênis. Ficou a
imaginar os casais mais improváveis. O zelador da escola e a mulher
que vendia verduras. O pai e sua professora obesa de português. Era
agoniante o modo como ele raciocinava sobre essas coisas. Passou a se
masturbar para sua pequena professora de geografia. Que mulher!
Num dia qualquer,
perdeu a virgindade com uma namoradinha. Teve experiências
homossexuais e transou com uma mulher casada. Foi pego na cama com
esta última e foi morto com três tiros. Uma das balas acertou a
glânde de seu pênis. Triste.
Foi um homem feliz.
Descobriu o cocô e que todos praticavam esse ato horripilante.
Descobriu o sexo e imaginou todos o fazendo. O próximo passo na
cadeia biológica humana era a consciência.
Não chegou a
descobri-la. Se descobrisse, chegaria a uma conclusão frustrante.
Nem todo mundo pratica, e quem pratica, pratica no escuro, longe dos
holofotes.
É fato. Primeiro a
merda, depois o sexo e só então a consciência.
Muitos não saem da
masturbação. Muitos se acomodam no sexo. Para outros, a sequencia é
diferente. Mas sempre a merda vem antes.
Merda!
só você, hein menino...
ResponderExcluirde inicio li meio receosa. literariamente me atrai a lama, o lodo, e a podridão, mas não os excrementos. ainda guardo certa aversão a isto. mas permaneci lendo. graças a Jah que permaneci. adorei. e, ao fim, sorri.
um abraço,
Estou lendo um livro chamado "As Vidas Secretas do Cérebro"... Quando li esse conto lembrei do texto, porque no fim das contas, segundo o autor, é melhor que a consciência fique de fora mesmo de muitos processos da nossa vida... Hoje estou no trânsito entre a punheta e o sexo, mas às vezes dou cada cagada!!!
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