sexta-feira, 11 de maio de 2012

vislumbre matinal depois do sono

ando meio perdido nesse mundo
procurando os braços belos
que costumavam me acolher

ando meio esquecido do mundo
perdendo compromissos
escutando essas músicas
escrevendo esses poemas
no meio desses bonecos
que descansam na minha mesa

ando feito robô
ando feito monstro
comprando barra de cereal
e vendo televisão ao domingo
tomando um pote de sorvete
derretido

ando
nem sei se ando
quando choro
ou quando sou eu o assassino

ando vislumbrando a morte das pessoas
com suas carnes apodrecendo em  minhas mãos
com pedaços de suas peles sendo sujeira de minhas unhas

ando
procurando quem estava aqui
e quem me observa
do outro lado da rua

ando
tentando me explicar
tentando não me suicidar
tentando

ando acendendo cigarro
com coquetel molotov
ando acendendo o fogão
com o curto pavio
da bomba de hidrogênio

ando sorrindo
sentindo o cheiro
da carne humana
mal-passada


                                                                                                  Bianca.

Um comentário:

  1. me identifiquei com o poema, estou apenas sobrevivendo, subsistindo. Sem o que fazer..."meio perdido nesse mundo".

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