sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Madri

É o cego carregando o sol nas costas.
O rio que insiste em correr. o paraplégico
apreciando a paisagem da pista de cooper.

Meu corpo transmuta nas madrugadas de
Setembro. É o sol se sagrando novamente.
As nuvens se abrigando em meu lar.

Há uma nuvem que me persegue. Um mar
para o meu pequeno barco se abre ao sol.
É Setembro.

São as ruas repletas de hidrantes que não
funcionam. São as noites repletas de reflexões
igualmente inúteis.

Celenterados. Nicotina. Manchas na córnea.
Aminoácidos. A flores que morreram no jardim
imaginário. Hidrocarbonetos de vida. Derramados

Nos laboratórios. Jalecos. A escrita que já não arde.
Remédios. O peito que já não se abre. Bisturi.
Peço biz.

Bisturi. A carne dura que comemos. As batatas
fritas em óleo de soja. Quem me assassina?
Pelo mundo meus passos incertos. Osmose.

Inércia. Glândulas sudoríparas. É o calor. Terça.
A arma que não tem gatilho é o homem que não
tem sua chacina todos os dias ao acordar.

Resistores e fusíveis. O que você entende de
energias? Não tenho mais palavras. A minha
mesa na escola está vazia há tempos.

Meu lugar na faculdade sempre esteve vazio.
O meu assento do ônibus, minha cama. O chão.
O meu lugar na sala de jantar. Vazio. O Banco.

As filas do banco e das lotéricas. O vaso sanitário.
A box do banheiro e a poltrona da sala de estar.
O que aprendi sobre o vácuo nas aulas de física?

O necessário para me identificar, talvez. Sem tercetos
dessa vez. Apenas um dueto. Eu e o sacrilégio maldito da minha consciência.

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