terça-feira, 1 de outubro de 2013

O atlas que nunca tive

Vai, João.
Pode ir.

Empurre sua carroça de incertezas.
Não leia os anúncios das marcas e
nem o livro de regras. Siga fazendo
suas coisas. Suas pequenas coisas
malfeitas sem valor absoluto para
o mundo.

Siga em frente, cabeça pra cima.
Levante seu olhar, mesmo quando
seu pescoço não existir mais. Sem
sustentação. Sem motivos, esperança,
futuro ou paz.

Morreu a liberdade alcançada, o cavalo
solto das rédeas e a garganta que não
dói mais.

João, vá.
Empurre
sua locomotiva.

Leve o carvão aos fornos. Alimente a
fornalha que um dia queimará teu corpo.
João, a carroça. Não esqueça das rodas
da carroça.

Observe a qualidade da estrada e o estado
deplorável de suas rodas. Mas continue, João.
Continue. Sem pagamentos, sem esperanças.
Apenas continue.

João, o sentido que você não encontra.
A paz que você não tem e a alegria que
não está presente no riso que mancha
o teu rosto.

Não pare, João.

Mesmo que não haja mais tempo, mesmo
que o tempo seja falho. Mesmo que não haja
um pódio e que suas medalhas enferrugem.
João, mesmo que sua força não mova o mundo
que você carrega, continue empurrando.

A vida não tem que fazer sentido.

Um comentário:

  1. Diz o outro (Richard Dawkins) que a vida tem um único sentido: manter-se viva!

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