quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

poltrona

              "A palavra cantada, rimada, estourada. Booooom
               Nesse mundo não sou gênio, sou apenas mais um.
               A palavra cantada, rimada, estourada. Se Páááá

               Eu sou aqui e nunca lá."

Travestida em saias e batons
a palavra não me faz ligações.
Suas incertezas se vão na pia
ao lavar o rosto maquiado.
A palavra não tem chaves
não tem lógica.

Metade abstrata, metade concreta.
Não fura o peito nem faz sangrar
o coração.

A palavra fura nosso pulmão
e em meio à cidade de fumaça
eu perco o fôlego.

Criou-se um jogo em torno de nós,
como um casamento. Um casamento
com divisão de bens previamente
estabelecida.

Não a possuo.

Teus cabelos morenos se embaraçaram.
O olhar, o lábio, o gosto.
O desejo voraz que me excitou.
A palavra vem e vai, feito sexo.
E eu, inocente, não pago por putas.
Nem sou digno de amores
que me oferecem prazeres.

Não tenho motivos,
apenas estou.


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