terça-feira, 29 de dezembro de 2020

os panos

 
eh magia pura.
eh assim que me sinto, que me vejo.
a mágica de juntar tudo isso
nessa massa uniforme,
cinzenta e homogeneamente bem distribuida por sobre a mesa.

gy, joao nao vive mais.

as vezes penso sobre isso.
sem nostalgias ou anacronismo.
penso como se existisse ainda
um doppelganger meu por ai,
com sua maleta de couro,
desenhos ensimesmados nos cadernos da faculdade.

de tantas portas que abri, me sinto perdido
como um rei de um povo que não vive mais.
tudo esta empoeirado
devido as obras que acontecem aqui em casa.

estao a derrubar paredes.
e no meu bairro os pedreiros.
so sabem trabalhar com alvenaria.

eh isto que sou
um constructo da humanidade
embotado de cimento e outro substantivo qualquer
que chico buarque cantou naquela musica

q isto fique entre nos
mas sinto muita falta da sensacao
de quando vc me enviou uma foto num espelho
e seus peitos me cumprimentavam.
e eu me senti uma crianca, meio boba ate
mas q podia conquistar a confiança de alguem com simples
palavras. poemas. visoes do meu ate entao triste mundo.

e saber que vc me lê agora

saiba que nessas linhas deposito a mesma confiança,
de me mostrar como sou por debaixo
dos panos

Um comentário:

  1. sabe, joão. Em mim você existe, na vdd acho que sempre existiu até antes de eu saber o que era existência, na vdd talvez eu nem saiba existir e o que é, mas te sinto e isso é uma prova. Outra, o que mais me toca em você além de você é como vc torce as palavras de um jeito a entrarem em algum lugar de nós, criar espaço e deslocar ou desmantelar o vazio, até q depois disso tudo além do charme sobre existência.

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