fevereiro ausente

as coisas estao encarecidamente
se afastando para as laterais do salao
como que dando licença 
para o carnaval passar
e eu sigo meu caminho
de homem equino
fantasia alegorica
de atmosfera quimerica
como pode um homem ser tao
burro

mas as coisas
elas estao encarecidamente se afastando
abrindo espaco no espaco aberto
e como os guarda chuvas amarelos
como as portas dos carros do estacionamento
que cobra por hora
assim como eu
prostitutos do espaco tempo q nos cabe
mulheres e homens da vida
assim como os corredores de passagem
descabelados e inseguros
eu sigo fechado

ao contrario das coisas

essas estao se abrindo
desabrochando
em todos os sentidos nos quais

eh possivel desabrochar

e eu ponho no poema
mulheres q amaria
nesta e em outras camas

camas estas
que de tao grandes
gravitam e pedem mais espaco
como os ciclistas
as minorias
e os blocos de carnaval de rua

discriminados, so queremos passar

e as coisas
ah
as coisas estao abrindo espaco
fevereiro esta proximo, minha querida