Ultimamente tenho feito pouca coisa. Tenho escrito num caderno que era pra ser um portifólio com pesquisas de biologia, mas que agora ganhou a singela alcunha de "Portifólio do Demônio". Provavelmente, os próximos posts serão pedaços deste caderno. Como Bukowski naquele livro que eu não tenho: "Pedaços de um caderno manchado de vinho".
"Olá, querido caderno.
Introdução idiota.
Estou na aula de educação física e estão falando sobre exercício de ginástica. Vou pensar num poema. Faz tempo que não escrevo.
Escrever costumava ser fácil para mim até pouco tempo atrás. Parece que estou naquela luta que Drummond falou-me. São apenas palavras e eu não consigo ganhar.
Tenho evitado minhas obrigações. Escrever é uma delas.
Rio
Há pessoas demais nas ruas
todas elas com seus corações azuis
pendurados em seus pecados
Há ruas demais nesse mundo
Há carros demais e vida demais
Este mundo me dilui
Há gente demais chorando
O mundo está submerso
Há homens e mulheres
Não há casais. Amor não há
Há um líquido escuro escorrendo pelas ruas
e os homens o bebem lentamente
Há uma gota de bondade
se esvaindo pelo mundo
Há tempo
Há tempos que não há
não há eu.
Decaí
Derrubaram-me
Faz tempo que não apareço"
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