quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

mandarim


O vento bate sempre em meu rosto.
É o ventilador aqui ao meu lado,
nessa madrugada desolante.

Sempre tive tristeza demais,
maldade demais para um só.
Sempre no lado podre.

Há algo de torto com meus poemas.
Não sei se é a métrica ou a rima.
Não sei se é minha falta de assunto.

É sina de poeta essa coisa de tortura.
A gente sempre segue pelos lados tortos.
Sempre se perde no meio do caminho.

No tempo perdido, escrevemos.
No tempo achado, corrigimos nossa gramática.
E daí se um verso ficou maior que o outro?

A nossa tristeza sempre é maior que a dos outros.
Nossa mulher sempre está distante e inalcançável.
E se está perto, é só questão de tempo.

Somos seres completamente inabaláveis
dentro de nossas próprias linhas tortas.
Vivemos a nossa vida infeliz.

Temos o dinheiro do pão.
Tenho saudades de uma mulher.
Desejo outra. Escrevo.

São cinco da manhã.
Tenho que acordar às nove.
Mas escrevo.

Deus me deu uma missão.
Eu não tenho a mínima ideia de qual é ela.
Deus, vá procurar o que fazer e me deixe escrever.

Um comentário:

  1. Deus não tem o que fazer.
    Nem eu, nem você.
    Afinal,quem precisa dele pra escrever?

    ResponderExcluir

Ninguém é autossuficiente de pensamento.

caiçaras oscilantes

 meu povo, queimado de sol que só ele, unifica os grãos de areia, que perdidos pelo mundo vagueiam sob o vento em novas praias. praias do li...