O vento bate sempre em
meu rosto.
É o ventilador aqui ao
meu lado,
nessa madrugada
desolante.
Sempre tive tristeza
demais,
maldade demais para um
só.
Sempre no lado podre.
Há algo de torto com
meus poemas.
Não sei se é a
métrica ou a rima.
Não sei se é minha
falta de assunto.
É sina de poeta essa
coisa de tortura.
A gente sempre segue
pelos lados tortos.
Sempre se perde no meio
do caminho.
No tempo perdido,
escrevemos.
No tempo achado,
corrigimos nossa gramática.
E daí se um verso
ficou maior que o outro?
A nossa tristeza sempre
é maior que a dos outros.
Nossa mulher sempre
está distante e inalcançável.
E se está perto, é só
questão de tempo.
Somos seres
completamente inabaláveis
dentro de nossas
próprias linhas tortas.
Vivemos a nossa vida
infeliz.
Temos o dinheiro do
pão.
Tenho saudades de uma
mulher.
Desejo outra. Escrevo.
São cinco da manhã.
Tenho que acordar às
nove.
Mas escrevo.
Deus me deu uma missão.
Eu não tenho a mínima
ideia de qual é ela.
Deus, vá procurar o
que fazer e me deixe escrever.
Deus não tem o que fazer.
ResponderExcluirNem eu, nem você.
Afinal,quem precisa dele pra escrever?