quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

A mesa retangular de três pernas

E se fosse eu a anunciar as greves?
Partindo deste dia, só me levantaria
da cama quando houvessem condições
de sobrevivência decentes.

E se eu fosse o homem das armas,
da ingratidão e dos crimes?
E se fosse eu quem gritasse o brado
de revolta?

Se eu outorgasse um novo governo,
se eu resolvesse o mundo...
Se levantasse da cadeira e
fizesse das palavras do mundo
novos modelos de espadas de ferro.

E porque toda vez a gente não sabe
o sentido dos porquês?
Se eu tivesse quarenta anos
e nenhum problema
resolvido.

Se meu nome não fosse joão
eu não teria essa rima,
mas quem sabe uma solução.

E se eu fosse ao terminal
consultar as linhas de ônibus,
perceberia que nenhuma delas
me levaria ao meu destino.

E se eu trabalhasse dez anos infelizes,
comprasse um carro de 1996
um terreno num bairro suburbano
distante da fumaças industriais
perceberia que mesmo se eu pagasse
pelo combustível de ida e volta e ainda
pela inércia do terreno frio de meu lar,
eu não chegaria no meu destino.

Nem se Deus mandasse uma carruagem
ultrapassada tecnologicamente
meu destino seria tocado.

Ficarei milionário com a energia infinita
que transita em minhas interrogações redondas.
o pau ereto da verdade metafísica.
Estou calado ainda. Só, velho e enfermo.
Se meu nome não fosse joão.
Eu não caminharia em vão.
Mas eles me chamam assim.

E se eu não sei onde
nem sei explicar do poema
o fim
quem acreditará se eu disser
que sei algo bom sobre mim?


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