os ciclos do sono me massageiam no chão
e eu vejo desenhos,
nas fumaças dos cigarros,
nas nuvens e no movimento das marés.
o mundo é construído por esses padrões
e nós só podemos achar tudo isso bonito
ou feio. ou demais adjetivos estéticos.
ontem andei nas ruas e fui ao médico
sinto como se estas fossem cartas
de um momento onde me sinto mais lúcido.
o cigarro na passarela,
os vinte cinco centavos da moça da cigarreira,
a saudade das noites em claro que passei naquele lugar,
por vezes descansando a vista,
enquanto via teus olhos nipônicos,
enxurrados de cachaça e sinuca.
e meu irmão dizendo pra eu tomar cuidado.
houve um tempo que as categorias do site
falavam sobre você. e eu vivi um sonho naquele dia,
mas de uma versão de mim que
há tempos não existe mais.
e no quarto do lado mora outro sonho
e algumas ruas depois, um riso.
e na outra esquina,
a minha calma.
como se eu estivesse distribuído pela cidade,
na arruela do escapamento dos automóveis
à diesel.
as ruas dessa cidade não estão desertas,
mas sinto como se eu mesmo estivesse me desertificando.
deve ser por isso que não choro mais,
que escrevo sobre pessoas que não amo,
que perdi dinheiro para alguém que não conheço.
os computadores novos na vitrine,
chamando atenção pelo preço.
o desespero do homem.
dos homens.
os prêmios desconexos que eu ganhei,
mas que estavam inclusos no pacote.
o script da recepcionista e minha ansiedade
disposta em uma cesta de compras
que parecia estar recheada de tudo que uma casa nova precisa:
a faca para cortar legumes, uma tábua de carne,
um travesseiro, um copo com tampa
e o sabonete líquido, que na verdade
eu esqueci de comprar.
a galera que faz arte por aqui está com sede de mundo,
mas eu nunca fui de entender isso.
eles estão levando a sério demais.
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Ninguém é autossuficiente de pensamento.